Na manhã desta quarta-feira (27), integrantes de movimentos sociais estiveram reunidos com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, para entregar uma moção de repúdio ao golpe contra o presidente do Paraguai Fernando Lugo, que resultou em sua deposição na última sexta-feira (22). O documento foi assinado por organizações sociais, deputados e senadores brasileiros.
O porta-voz do Itamaraty Tovar Nunes, em entrevista coletiva, afirmou que o apoio político dos movimentos sociais “dá ânimo ao governo brasileiro” diante da “ruptura, quebra, atentado à democracia” no Paraguai. “O Paraguai convive com estruturas fundiárias arcaicas, oligopólios e setores que não concordam com processos políticos mais plurais. Os movimentos sociais podem ajudar no compartilhamento da experiência brasileira de desenvolvimento econômico e social”, disse Patriota.
Na ocasião, o ministro condenou a atuação do Congresso paraguaio que, em menos de dois dias, realizou o juízo político, resultando na aprovação do impeachment de Lugo e na ascensão do vice-presidente Federico Franco ao cargo de mandatário. “Consideramos que houve ruptura da plena vigência da democracia no Paraguai. Não houve o direito à defesa. O procedimento adotado compromete a democracia pelo não direito à defesa”, destacou Patriota.
Segundo o ministro, o golpe não trouxe soluções para o país, mas dificuldades e o aumento do isolamento político. O Paraguai foi suspenso do Mercosul no último domingo (24) em protesto contra a maneira como ocorreu o impeachment de Lugo. “O Paraguai não tem o direito de participar da Cúpula do Mercosul. A expectativa é que a Unasul tome o mesmo posicionamento”, disse o Patriota.
A destituição de Lugo e o novo governo do presidente Federico Franco são os principais temas da Cúpula do Mercosul em Mendoza, na Argentina, que será realizada na quinta-feira (28) e na sexta-feira (29). Os países do bloco ainda estudam que punições serão aplicadas ao país. Segundo Patriota, o Brasil não adotará sanções que prejudiquem o povo paraguaio, como sanções econômicas e paralisações de projetos em andamento.
Já Fernando Lugo, que anteriormente havia sinalizado intenção de comparecer ao encontro para explicar o ocorrido, afirmou que não irá para evitar pressão sobre as resoluções do grupo.
Além disso, a Organização dos Estados Americanos (OEA), que realizou na terça-feira (26) uma sessão extraordinária para debater a crise política no Paraguai, decidiu enviar ao país, entre os dias 30 de junho e 3 de julho, uma missão para investigar o processo de destituição de Fernando Lugo.
Ato cobra medidas
Manifestantes realizarão nesta quinta-feira (28) um novo ato em solidariedade ao povo paraguaio, em defesa da democracia e pelo restabelecimento do governo de Fernando Lugo, deposto por um golpe parlamentar na última sexta-feira (22).
O protesto, que marca também os 3 anos do golpe de Estado em Honduras, deve acontecer a partir das 16h em frente ao gabinete regional da Presidência da República em São Paulo (SP), localizado na Avenida Paulista, nº 2163, na esquina com rua Augusta.
De acordo com convite na rede social Facebook, a manifestação cobra medidas mais efetivas dos governos da América Latina, em especial da presidenta Dilma Rousseff, contra o governo de Federico Franco. Entre as reivindicações estão sanções comerciais, o cancelamento dos projetos de cooperação econômica e o bloqueio a financiamentos ao governo golpista.