A GoldenTree Asset Management informou que está discutindo com o conselho da Oi a alta administração da empresa, incluindo o CEO, depois que a companhia divulgou resultados no segundo trimestre que mostraram que a empresa está queimando seu caixa mais rápido do que esperado
A gestora, que se tornou a maior acionista da Oi com uma participação de 15% após a reestruturação da dívida da empresa em dezembro de 2017, disse que apenas um CEO experiente pode executar o plano estratégico da empresa, em contraste com o atual, que é um “advogado talentoso”.
”Nós agora tememos que o futuro de longo prazo da empresa esteja em sério risco por conta da pobre tomada de decisões, performances operacional e financeira decepcionantes e fracasso em aplicar importantes princípios de governança corporativa previstos pelo plano de reorganização”, disse a GoldenTree.
As ações da empresa caíram até 6,4% nesta segunda-feira, estendendo a queda de 29% da semana passada – o pior recuo semanal das ações desde 2016. A companhia informou em 14 de agosto que teve um prejuízo de R$ 1,56 bilhão e queimou cerca de R$ 2 bilhões de seu caixa no segundo trimestre.
Os investidores, ainda curando as feridas da reestruturação judicial da dívida da empresa, entraram em pânico quando o diretor financeiro, Carlos Brandão, mencionou um possível aumento de capital como uma opção para aumentar a liquidez.
A administração divulgou um comunicado na noite de sexta-feira dizendo que estava confiante em seus esforços de controle de custos e na venda de ativos não essenciais. Os investidores, entretanto, não se convenceram e continuaram a pressionar as ações.
A estrutura acionária da Oi mudou completamente nos últimos dois anos, como resultado de sua reestruturação de dívida. A lembrança recente das dores infligidas tanto aos acionistas quanto aos credores levou os investidores a venderem as ações diante da mera menção de um potencial novo aumento de capital.
Eurico Teles assumiu como CEO da Oi em novembro de 2017, depois da saída repentina do CEO anterior. Teles obteve a aprovação dos credores em plano para reestruturar US$ 19 bilhões em dívidas menos de um mês depois.
O CEO, que já estava profundamente envolvido nas complicadas negociações, como diretor jurídico da Oi, conseguiu uma ordem legal para negociar com os credores sem a bênção do conselho, já que naquele momento o conselho era controlado por acionistas que temiam a grave diluição que enfrentariam. Outra condição para o plano de reestruturação da dívida era que a administração do nível C permanecesse por, pelo menos, um ano, enquanto o plano era implementado.
“O caixa está sendo queimado a um ritmo mais rápido do que o esperado”, disse Leonardo Rufino, gestor de portfólio da Pacífico Gestão de Recursos, com sede no Rio de Janeiro, que tem uma pequena posição em Oi em seu portfólio.
Enquanto o CFO Brandão, reiterou que a empresa estava “no caminho certo” para vender sua participação na Unitel, a maior operadora sem fio de Angola, no quarto trimestre, ele também mencionou “emissão de dívida garantida, aumento de capital e renegociação com fornecedores” como planos B que a empresa analisa internamente, se a esperada venda não prosperar.
Foi o suficiente para que uma queda de dois dias eliminasse quase um terço do valor de mercado da empresa e revertesse seus ganhos no acumulado do ano. Uma notícia de que a Anatel estaria considerando intervir na empresa não ajudou. Mas, apesar de a Anatel negar a reportagem e dizer que uma intervenção seria um último recurso e que a Oi poderia sobreviver pelo menos até o próximo ano apesar de sua queima de caixa, as ações não retomaram a alta.
“Estamos preocupados com a intenção da Oi de acelerar seu plano de investimentos, apesar do cash burn de cerca de R$ 2 bilhões no 2T19, já que depende da conclusão bem-sucedida da venda de ativos”, escreveram analistas do Bradesco BBI liderados por Fred Mendes em nota de 15 de agosto, reafirmando recomendação neutra para a ação.
Em meados de julho, a Oi divulgou seu plano estratégico, dizendo que pretende vender de R$ 6,5 bilhões a R$ 7,5 bilhões em ativos não essenciais, incluindo a Unitel. “Acreditamos que o gatilho para as ações será a implementação de seu plano estratégico, particularmente a materialização das vendas de ativos não essenciais, ao invés de resultados trimestrais”, escreveram analistas do Itaú BBA liderados por Susana Salaru em relatório de 15 de agosto.
Fonte: https://exame.abril.com.br/negocios
Foto: Germano Lüders / (Germano Luders/EXAME)