Os trabalhadores em telecomunicações no estado do Piauí, mais precisamente os tele atendentes que são os trabalhadores das empresas do setor de Call Center, estão na linha de frente da pandemia da Covid-19, considerado como serviço essencial, são mais de 7.000 mil trabalhadores que tem condições especificas e normas de trabalho quanto a sua atuação. Hoje o setor conquista avanços na defesa dos seus direitos através do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações no Estado do Piauí – SINTTEL-PI. Mas esses trabalhadores ainda enfrentam grandes dificuldades de locomoção, tanto pela falta de transporte, quanto a exposição que causa insegurança devido aos assaltos em Teresina.

Segundo Cochise Silva, Diretor de Divulgação do SINTTEL-PI “No Acordo Coletivo de Trabalho, nós tivemos avanços, relativos a empresa Vickstar, em Teresina, do ano passado ainda conseguimos negociar o ACT já com o salário atualizado relativo a 2020, e que  já veio especificando no acordo o reajuste salarial para 2021, portanto esses trabalhadores da empresa Vickstar  já estão cobertos  por esse novo ACT, que já prevê além dos benefícios a questão do reajuste salarial que é o salário mínimo nacional de 2021. Tivemos no caso da outra empresa que é a Alma Viva do Brasil, que tem dois locais de trabalho, um no bairro São Pedro e outro no Dirceu Arcoverde,  nesse caso houve atraso inclusive ao ACT de 2020, em que a empresa não pagava o salário mínimo vigente, tivemos atuações junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a empresa cumprisse a lei, foi uma negociação muito difícil, nessa negociação nós exigimos que a empresa cumprisse além do salário mínimo, para que ela mantivesse a questão dos benefícios, esse ACT ficou vigente até julho, e os trabalhadores ficaram descobertos de julho de 2020, até os momentos finais de 2020, mas em dezembro essa negociação ela conseguiu o encaminhamento, e os trabalhadores em assembleia decidiram  pela última proposta que a empresa apresentou, que foi aprovada agora em janeiro, nesse acordo inicialmente  foi garantido o pagamento do salário mínimo vigente de 2021, e o ressarcimento dos trabalhadores na forma de abono pelo período não reajustado de 2020. Portanto, com relação a salário mínimo hoje todos os trabalhadores de Call Center no estado do Piauí estão resguardados que receberão o piso nacional do salário mínimo em 2021. Disse.

“Falta fechar a questão dos reajustes dos benefícios, ainda não foi garantido, nós estamos tentando viabilizar isso, as negociações estão abertas, estamos vendo se conseguimos via convenção coletiva que existe com o sindicato patronal”

COCHISE SILVA, DIRETOR DE DIVULGAÇÃO DO SINTTEL – PI

Ainda sobre a empresa Alma Viva “Falta fechar a questão dos reajustes dos benefícios, ainda não foi garantido, nós estamos tentando viabilizar isso, as negociações estão abertas, estamos vendo se conseguimos via convenção coletiva que existe com o sindicato patronal”. Frisou.

Com relação ao transporte dos trabalhadores em telecomunicações, “a dificuldade maior ocorre justamente com os trabalhadores de Call Center, as empresas ficam em polos diferentes em Teresina, como foi citado acima, as empresas são localizadas em bairros como São Pedro, Dirceu Arcoverde, e também no Distrito Industrial, na zona sul, então o trabalhador de Call Center, que é identificado eminentemente como estudante, que necessita se deslocar de casa para o trabalho, e do trabalho para a faculdade para fazer o seu curso, então assim, é uma demanda muito grande pelo transporte público por parte desses trabalhadores, nós já tivemos muitos problemas relativos a essa necessidade do trabalhador principalmente nessa unidade da empresa que é a Vickstar, que fica no distrito industrial, por conta do distanciamento com relação ao ponto de ônibus para o trabalhador. No passado conseguimos viabilizar junto aos órgãos municipais, a STRANS e a Prefeitura Municipal de Teresina, que houvesse uma linha que saísse do terminal do parque Piauí, e que fizesse esse translado dos trabalhadores até o distrito industrial, esse serviço vinha sendo oferecido normalmente pelas empresas através dessa intervenção do sindicato, porém, por algumas vezes esse serviço foi descontinuado, sem nenhum aviso prévio, foi motivo de manifestação em 2019 e 2020 dos trabalhadores para que esse serviço retornasse, após uma paralisação das atividades o serviço retornou, porém continua sendo alvo de muitas reclamações dos trabalhadores essa descontinuidade do serviço. Os trabalhadores hoje estão  tendo que descer no terminal do Parque Piauí, e se deslocar a pé até a unidade de trabalho, é muito difícil pois o trabalhador fica exposto a questão da insegurança, pois há muitos assaltos, muita violência contra os trabalhadores, então continuamos com essa pauta de buscar no poder público municipal que haja a manutenção do serviço, e que seja adequado , que não seja um serviço descontinuado a qualquer momento, e que tenha inclusive um fluxo menor, pois as vezes o ônibus passa, e daqui a duas horas não passa mais, o que queremos é que haja essa política pública do transporte para os trabalhadores de Call Center. Estamos agendando uma reunião com a Prefeitura Municipal de Teresina, e nós vamos oficiar para que esse serviço ele seja cumprido. Com relação a empresa Alma Viva do Brasil, tem esses dois postos de trabalho, lá eles fornecem o serviço de Van, porém é um serviço também  que é muito reclamado por parte dos  trabalhadores, a questão de deixar o trabalhador longe  do ponto de ônibus muitas vezes a noite, esses trabalhadores a característica é de trabalhar inclusive na madrugada, no terceiro turno, então há necessidade de um serviço que seja continuo e que possa deixar o trabalhador mais próximo possível de sua residência, para que não deixe o trabalhador exposto a insegurança que hoje é vigente na nossa capital. Portanto, é uma atividade muito onerosa para o trabalhador no ambiente de trabalho, e quando sai desse ambiente no deslocamento de casa para o trabalho, e do trabalho para casa a gente ainda tem essa outra dificuldade de expor o trabalhador a insegurança, e a dificuldade para que ele possa chegar na sua casa, ou no seu curso, na sua atividade pós trabalho, e nós estamos envidando esforços para que possamos conseguir resolver esse problema”. Destacou.

Uma das pautas atuais é a Manutenção dos Postos de Trabalho:

Para Cochise,  “A representação dos trabalhadores vê isso como um desafio em manter os postos de trabalho do setor de telecomunicações, pela própria característica do setor, a tecnologia ela permeia o nosso setor, e hoje os nossos posto de trabalho estão sendo trocados pela tecnologia, na forma de algoritmos de atendimento, na forma de sistemas de manutenção que fazem a prevenção de falhas, ou seja, na verdade eles além da manutenção eles conseguem fazer uma previsão do que pode acontecer no futuro, então esse é um desafio pra gente, principalmente o setor de tele atendimento que é o nosso conhecido Call Center, hoje a mão de obra humana pode ser substituída, e vem sendo substituído por esses algoritmos que são conhecidos como robôs, o atendimento hoje a população quando faz o acesso a qualquer sistema de atendimento muitas vezes é atendido por um robô, é uma tecnologia que ela está se adaptando, mas ela já vem substituindo  a nossa mão de obra. E o nosso desafio é como manter os postos de trabalho num ambiente tecnológico que a gente vive hoje? Perguntou.

“O SINTTEL,  também está envidando esforços para que possa tratar, conviver com essa tecnologia de forma em que a questão social do trabalho seja mantido, no caso do Call Center temos mais de 7.000 mil trabalhadores, é uma renda de 7.000 mil famílias que dependem desse serviço, desse trabalho, e a gente não pode de maneira alguma perder isso do dia para a noite, a questão que a gente tem que conviver, mas também nós temos que achar um caminho que seja satisfatório para todos, que a gente não possa lançar mão dessa questão da tecnologia em detrimento do trabalho. Nós também estamos estudando junto as nossas federações nacionais, a nossa federação que é a FITRATELPI, a Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações, que tem como presidente o nosso também presidente do SINTTEL-PI, o João de Moura Neto, e para que a gente possa dar encaminhamento e possamos resolver essa pauta que é bastante atual no setor de telecomunicações. Nossa intervenção junto ao poder público municipal vai ser pautado nisso, na manutenção desses postos de trabalho, de políticas públicas que possam atender a esse trabalhador de telecomunicações, e que a gente possa conviver nesse ambiente e que o trabalhador possa continuar levando o seu pão de cada dia para a sua família, que essa questão social do trabalho seja mantida. Nós aqui do SINTTEL-PI já temos esses encaminhamentos de audiências com poder público, no passado esses postos de trabalho foram trazidos para o Piauí, para Teresina, na formatação também de renúncia fiscal de alguns impostos que são inerentes ao setor do tele atendimento, nós iremos ver como está essa situação junto ao poder público que esses benefícios para as empresas sejam mantidos, para que também  nós tenhamos a contra partida dessas empresas com relação a esses postos de trabalho, e dos benefícios aos trabalhadores, portanto é uma pauta muito importante, e que o sindicato está atento pra isso e essa discussão vem para que a sociedade possa saber  da necessidade da gente manter esses posto de trabalho aqui na nossa cidade, no nosso estado”. Enfatizou.

Sobre o cumprimento da Norma Regulamentadora – NR17

Outro aspecto muito importante é sobre a saúde do trabalhador “Hoje o trabalhador de telecomunicações, ele é exposto desde os riscos físicos no caso do trabalhador de manutenção de rede, interna e externa, até o trabalhador de Call Center, que tem a questão da NR17, que diz respeito a sua segurança e saúde com relação ao ambiente de trabalho. No caso do trabalhador de telecomunicações que atua na operação e manutenção esse risco físico ele é diário, aquele trabalhador que sobe poste porque a nossa rede de telecomunicações ela é colocada fisicamente paralela a rede da concessionária de energia elétrica, portanto essa exposição ao risco físico de choque elétrico por parte do trabalhador de manutenção ele é diário, é inerente a atividade do trabalhador, que atua na manutenção dos serviços de telecomunicações, já na outra ponta o trabalhador de tele atendimento, aquele atendente que está num ambiente fechado, que fica sentado na frente do computador, esse trabalhador ele já se expõe a outros riscos que são risco  a saúde, que é aquele relativo a NR17, onde o trabalhador tem a questão da exposição do áudio durante mais de seis horas, o trabalhador está atendendo  e isso afeta também o seu ouvido e  a sua voz, ele é exigido ao extremo, são dois aspectos também inerentes a atividade do tele atendente. Então existe a Norma Regulamentadora NR17, que traz uma série de especificações com relação a manutenção da saúde do trabalhador, dentre estas estão as pausas, o trabalhador no caso da NR17 está lá no seu item 54.1, onde essas pausas são duas de dez minutos, e elas tem que ser tiradas após a primeira hora de trabalho, além da pausa para lanche, que é de 20 minutos. O que diz a norma é que essas pausas tem que ser feitas fora do ambiente de trabalho, ou seja o trabalhador tem que sair daquele local , daquela sua posição e ir para a parte externa e gozar da sua pausa pelos minutos conforme estão determinadas na norma, e o que a gente vem observando são muitas denúncias dos trabalhadores de teleatendimento no Call Center, que essas pausas não estão sendo cumpridas, então o sindicato envida esforços e tem um diálogo permanente com essas empresas para que seus supervisores e seus coordenadores possam estar cumprindo a lei, isso é motivo inclusive de muitas fiscalizações, é obrigação das empresas cumprir essas obrigações, além dessas pausas que estão lá, a norma também diz que após um atendimento difícil, ou seja, aquele que o atendente tenha algum tipo de discussão, que o usuário faz algum tipo de tratamento indevido com relação ao trabalhador , ele também tem direito a pausa imediata, e o sindicato atua diariamente junto as empresas pra que essas normas regulamentadoras sejam cumpridas, afinal o que está em risco é a saúde e a segurança do trabalhador”. Pontuou.

Acordos Coletivos de Trabalho:

“Com relação aos nossos últimos Acordos de Trabalho, realizados entre as operadoras e o SINTTEL, as empresas prestadoras de serviço e o sindicato, nós fizemos muitos esforços voltados a prevenção contra a Covid-19, para que o nosso trabalhador não fosse tão afetado, afinal de contas o nosso setor de telecomunicações é um setor essencial, está descrito na constituição federal do Brasil de 1989, como um dos serviços essenciais a nossa sociedade, portanto é um setor que não parou, dessa forma nós em todos os acordos coletivos fizemos esforços para que lá constasse em clausulas relativas a essa situação atual no Brasil, chamado Novo Normal. Então assim, aspectos como manutenção dos postos de trabalho, a segurança e saúde do trabalhador, para que nós pudéssemos prevenir no ambiente de trabalho a questão da Covid-19, a maioria das nossas reivindicações foram atendidas, as pautas dos nossos acordos coletivos foram feitas de acordo com a nossa realidade atual, e daqui pra frente inclusive com as empresas terceirizadas do setor de tele atendimento, do setor de manutenção, nós já estamos também pautando nas negociações que tenham essas cláusulas de prevenção da Covid-19. A gente espera que da mesma forma que as operadoras atuaram pra que a gente pudesse combater o vírus, a gente possa também ter isso nas empresas terceirizadas. É isso, e nós estamos aqui para qualquer informação futura”. Concluiu.

Escrito por: Socorro Silva-CUT-PI
Fonte: CUT

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