O WhatsApp reagiu rapidamente à denúncia feita pelo jornal Folha de S. Paulo de que empresários aliados ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) estavam desembolsando milhões de reais para enviar mensagens com ataques e mentiras contra o candidato Fernando Haddad (PT) e pretendiam fazer uma grande ofensiva na semana que antecede o segundo turno das eleições, no dia 28.
A prática é ilegal, pois se trata de doação de campanha por empresas, vedada pela legislação eleitoral, e não declarada, ou seja caixa 2.
Os responsáveis pelo WhatsApp no Brasil enviaram notificações extrajudicial para as agências Quickmobile, Yacows, Croc services e SMS Market, denunciadas pela Folha, determinando que parem de enviar mensagens em massa e de utilizar números de celulares obtidos pela internet, que as empresas usavam para aumentar o alcance dos grupos na rede social.
Outros usuários, como o deputado Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), eleito para o senado, tiveram seus números banidos pelo WhatsApp, como denunciou o filho do presidenciável no Twitter.
WhatsApp usa tecnologia para banir abusos
A empresa, que disse usar tecnologia de ponta para detectar contas com comportamento anormal para que elas não possam ser usadas para espalhar mensagens de spam, baniu as contas do WhatsApp associadas a essas agências.
“Estamos tomando medidas legais para impedir que empresas façam envio maciço de mensagens no WhatsApp e já banimos as contas associadas a estas empresas”, informou em nota a empresa ao jornal.
A agência AM4 e outras estão sob investigação e serão notificadas caso sejam comprovadas as irregularidades.
O comportamento fere as regras do WhatsApp. O envio de mensagens em massa com conteúdo eleitoral não é ilegal, desde que use a base de usuários dos próprios candidatos, ou seja, listas com nomes e telefones celulares de apoiadores que voluntariamente os cederam.
No entanto, várias agências venderam bases de usuários de terceiros, segmentadas por região e perfil, de origem desconhecida —o que é ilegal.
Nesta quinta, a coligação O Brasil Feliz de Novo, que reúne PT, PC do B e Pros em torno da candidatura de Haddad, entrou com ação na Justiça Eleitoral para investigar suposto financiamento ilegal de campanha por Bolsonaro.