A Nextel Brasil não teve um ano bom. A demora no lançamento da rede 3G,impossibilidade de compra da Unicel (antiga “aeiou”) e um crescimento de base “não lucrativa” se refletiram no afastamento do então presidente Sérgio Chaia no final de 2012. Todas essas dificuldades ficam claras no balanço financeiro divulgado pela controladora Nii Holdings nesta quinta-feira, 28. Em conferência para analistas, o CEO interino da companhia, Steve Schindler, foi enfático: é preciso voltar o foco à execução das operações, principalmente na nova rede de terceira geração (3G). Mas ainda há muitas indefinições na companhia.

De volta à Nii depois de mais de quatro anos (ele foi CEO entre 2000 e 2008, regressando ao cargo no lugar de Steven Dussek no final de dezembro passado), Schindler quer que a Nextel recupere a atenção aos detalhes que, segundo ele, eram um dos drivers do sucesso. “No caso do Brasil, foi uma falha na execução”, declarou. O CEO interino agora quer melhorar o desempenho focando nas novas redes e nos canais de distribuição nos dois principais mercados: México e Brasil.

Para tanto, o lançamento do 3G no País é um dos principais objetivos, mesmo que ainda não divulguem uma data definitiva para lançamento massivo (atualmente a empresa está em fase de soft-launch). Neste primeiro semestre, haverá uma maior atenção para São Paulo, onde a rede está funcionando desde o final do ano passado. Até o último trimestre de 2013, a rede de terceira geração será vendida no Rio de Janeiro também. A intenção é poder oferecer ao consumidor maior variedade de aparelhos, que poderão contar tanto com o serviço de dados quanto os serviços push-to-talk (PTT).

A novidade é que mesmo smartphones mais modernos com interface touchscreen poderão ter o serviço PTT por meio de aplicativos. Segundo Schindler, o serviço funcionará na rede WCDMA de forma imperceptível para o cliente, quase sem latência. “É uma fração atrás do iDEN, mas é perto o suficiente para que o consumidor não tenha uma experiência deteriorada”, explicou, dizendo que “não dá para detectar” a diferença. Até o momento, a operadora possui cinco smartphones compatíveis, prometendo adicionar mais no futuro. Além de BlackBerry, marca considerada importante para o público-alvo da Nextel, há um trabalho com a Motorola e com outros fabricantes para lançamento de uma nova linha de handsets até o último trimestre de 2013 e inicio de 2014.

Apesar de apostar em melhores margens de receita com a nova rede, a companhia identifica 100 milhões de consumidores potenciais (incluindo os demais mercados da Nii: México, Peru, Chile e Argentina). Como parte do programa para revigorar a empresa, a Nextel vai expandir sua rede iDEN para mais 32 cidades brasileiras.

Interinos indefinidos

Mas se a Nii ainda não conta com um comando fixo, a Nextel também não. Desde a demissão de Sérgio Chaia, em novembro, a administração da operadora no Brasil tem ficado a cargo do COO da Nii, Gokul Hemmady. “Ele tem ficado praticamente o tempo todo no País desde novembro, também agindo como presidente e levando disciplina ao negócio”, explicou Schindler. E, por enquanto, não há planos para chamar alguém de forma definitiva. “Vamos deixar assim e continuar neste movimento”, disse o CEO.

Hemmady, por sua vez, garante que tem visto progresso e empolgação na execução das novas operações com o 3G no mercado brasileiro. “Vi que a marca continua forte e as pessoas têm paixão pelo negócio, está no DNA. Temos grande oportunidade de gerar crescimento no futuro e estamos na posição de atender às demandas com grande velocidade no serviço de dados”, comentou o COO. A Nextel quer proporcionar uma rede robusta para aguentar o tráfego. “Queremos preencher nossa rede com boa qualidade para o consumidor, queremos mostrar que conseguimos melhorar”, enfatizou.

Economia

A Nii estuda outras medidas para recuperar o fôlego em 2013, mas os planos parecem demorar a sair do papel. A intenção de venda e leaseback (venda e posterior aluguel de bens para liberar recursos e capital de giro) de 4,5 mil torres no Brasil e no México ainda não está definida.

Outro ponto sem definição são os negócios em outros países. A companhia não deverá levar grandes investimentos para Argentina, Chile e Peru. “São importantes, produzem resultados excelentes, mas ao mesmo tempo estamos considerando alternativas estratégicas para cada um desses mercados, o que inclui parcerias e outros arranjos de serviço”, afirmou o CEO interino. “Queremos capturar o crescimento possível nesses mercados. Não consideramos vender agora, teria de ser o negócio e o preço certos”, despistou. “Estamos focando a maioria de dólares e tempo no México e no Brasil”.

De certo mesmo, só o plano de corte de um terço dos custos na sede da Nii no estado norte-americano da Virgínia para melhorar a eficiência econômica da companhia. Em novembro, a empresa anunciou a redução de 20% do seu quadro profissional, o que deveria trazer uma economia de US$ 8 milhões.

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