Hoje, 13 de maio, em pleno século 21, na data em que se comemora a abolição da escravatura no Brasil, cabe aos trabalhadores telefônicos gaúchos, como uma das tarefas sociais desta nossa greve que já dura uma semana, denunciar para a sociedade, que a escravidão não terminou no Brasil. Hoje ela tem um novo nome e se chama terceirização.

Esta prática de gestão, assim como o regime escravagista, diferencia os homens entre os que têm direitos e os que podem ser explorados. Prática utilizada pelos atuais senhores de escravos como uma forma de enriquecer mais fácil, à custa da exploração e irresponsabilidade social, precarizando também a qualidade de atendimento dos clientes das empresas de telecomunicações.

Neste setor, a terceirização é praticada, por exemplo, nos CALL CENTERS, tão conhecidos dos consumidores de várias áreas. É utilizada para manter os clientes insatisfeitos à distância segura, para que a exploração se mantenha e os clientes sejam enrolados por promoções enganosas, contas erradas e falsas promessas.

Nestes CALL CENTERS, você é atendido por milhares de jovens – amanhã podem ser até seus filhos –, na maioria das vezes no seu primeiro emprego. São explorados, ganhando menos de salário mínimo, amontoados em grandes prédios, posicionados em suas baias – este é o nome de sua posição de trabalho –, treinados para enrolar OS CLIENTES, com suas funções fisiológicas restritas e sob forte pressão psicológica por parte de seus supervisores. Estas condições de trabalho resultam em milhares de doentes. Tanto é que virou um fenômeno de adoecimento profissional nos corredores do INSS.

Nas demais atividades do setor, isto não é diferente. Cerca de, no mínimo, 90% da mão de obra empregada é terceirizada, com remuneração um pouco maior do que o salário mínimo e vencimentos, vale-alimentação, convênio médico e outros itens com valores muito inferiores aos dos poucos trabalhadores contratados diretamente pelas operadoras.

Não bastasse isso, estes trabalhadores não têm seus direitos trabalhistas respeitados e suas condições de trabalho são aviltantes: laboram sem fardamento adequado, sem ferramentas e EPIs em condições, com jornada de trabalho abusiva, devido à falta do número mínimo necessário de empregados para realizar as tarefas e em prédios sem banheiros e água potável, por mais que se denunciem estas práticas desumanas.

Já os empresários do setor estão cada vez mais ricos. Entre eles o poderoso dono da TELMEX Carlos Slim, que aqui no Brasil, explora os serviços da Embratel e Claro, fora os empresários europeus (Telefónica de Espanha, Portugal Telecom e Tim), que exploram o povo brasileiro com suas tão conhecidas marcas, campeãs de reclamações no PROCON, respectivamente: Vivo, Oi e Tim.

Enquanto a qualidade do serviço prestado por estas empresas milionárias é cada vez pior, o valor das remessas de dividendos, encaminhadas para suas matrizes é cada vez maior, sob a omissão da Agência Reguladora do setor – ANATEL –, e do detentor das concessões públicas – O ESTADO BRASILEIRO.

Enquanto isto, no Congresso Nacional, na contramão do que esta CPI da Telefonia, procura construir – melhorar a qualidade do serviço de telecomunicações prestado aos consumidores – o deputado federal Sandro Mabel tenta facilitar ainda mais a vida destes exploradores de trabalhadores, aprofundando a exploração da terceirização, através da aprovação de seu PL 4330/2004.

Só é possível viabilizar aos consumidores dos serviços de telecomunicações outro padrão de qualidade no atendimento, se o Estado Brasileiro exigir das empresas concessionárias, outro padrão de atendimento, diretamente ligado a outro padrão de contratação da mão de obra no setor.

E enquanto 90% desta mão de obra forem terceirizadas, um percentual semelhante dos consumidores se sentirá lesado e consequentemente continuarão estas empresas campeãs de reclamação no PROCON, líderes em demandas judiciais e recordistas em acidentes de trabalho, onerando os cofres públicos com os subprodutos desta exploração, para unicamente maximizar os lucros dos já milionários empresários do setor.

A História se repete: o povo brasileiro aguarda mais uma vez que uma nova Princesa Izabel, independente dos interesses econômicos dos atuais colonizadores, liberte os trabalhadores desta exploração. Mas enquanto isto não acontece, milhares de ZUMBIS dos PALMARES lutam contra este novo tipo de escravidão!

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